Os presidentes das principais empresas de capitais públicos da Madeira ganham em média mais de cinco mil euros, quando o salário médio dos trabalhadores por conta de outrem é oito vezes inferior a esse valor (668 euros). Logo, o nosso arquipélago não foge à regra quanto à desigualdade da distribuição de rendimentos em Portugal, a qual mereceu reparos na mensagem de Ano Novo do Presidente da República. Os dados relativos às remunerações dos gestores de onze empresas de capitais públicos da Madeira constam de uma auditoria do Tribunal de Contas divulgada em Abril de 2005. De acordo com o documento, os presidentes das administrações auferiam em média 5.055 euros por mês, entre ordenado e despesas de representação. Alguns tinham ainda direito a prémios de gestão que variavam entre 7.500 e 9.000 euros anuais, entre outras regalias. Não há qualquer estudo sobre a situação salarial dos gestores privados na Madeira, mas não há dúvidas que alguns ganham mais que os gestores públicos. Sabe-se, porém, que os presidentes das empresas portuguesas ganham em média 21,7 mil euros por mês, segundo revela um 'ranking' elaborado pela Mercer Consulting. "Interrogo-me sobre se os rendimentos auferidos por altos dirigentes de empresas não serão, muitas vezes, injustificados e desproporcionados", disse Cavaco Silva na sua mensagem. A dúvida será certamente partilhada por muitos trabalhadores madeirenses que, segundo dados do INE relativos ao 3.º trimestre de 2007, ganhavam em média 663 euros. A nível nacional, o salário médio era de 720 euros.
Inquérito: A Madeira regista o diferencial salarial criticado pelo PR?
André Barreto, Mesa da Hotelaria da ACIF:
Penso que é um problema que ocorre, de facto, em Portugal mas não se aplica ao sector da Hotelaria da Região, nem a mensagem se dirige às empresas de cá. Penso que tem a ver sobretudo com o sector da Banca, onde os administradores são mais bem pagos que os da Europa. Mas admito que há empresas públicas e privadas que pagam aos seus administradores salários que não correspondem às suas 'performances'.
Adolfo Freitas, Sindicato da Hotelaria
Na Madeira há um diferencial, e de que maneira! Então no sector da Hotelaria não há dúvida alguma que existe essa discrepância salarial entre gestores e trabalhadores. Penso que as preocupações que o sr. Presidente da República lançou na sua mensagem de Natal só pecam por ser tardias. Talvez ele tenha reflectido que seja um pouco responsável por se ter chegado a esta situação, muitas vezes encorajando o Governo a tomar todas as medidas.
João Carlos Gomes, Vice-presidente da ASSICOM
Concordo com aquilo que disse o sr. Presidente da República, porque há disparidades entre os salários dos administradores e os dos trabalhadores. Mas em relação aos trabalhadores da Construção Civil na Madeira, penso que são bem pagos. Agora, quem gere bem tem que ser bem pago. Por exemplo, o director-geral das Contribuições era bem pago e nunca ninguém o contestou, porque desempenhou bem as suas funções.
Diamantino Alturas, Sindicato da Construção
Os administradores aqui não fogem à regra. Se formos a ver os contratos colectivos de trabalho, não constam lá os ordenados dos administradores. Porque é que será? Porque aumentam-se a si próprios. Agora, o sr. Presidente da República deve ter estado a dormir estes anos todos, porque quando ele era primeiro-ministro a disparidade salarial existia como existe hoje. Se ele está preocupado, devia mexer-se para que isto não acontecesse.
Fonte: DN
0 comentários:
Enviar um comentário