
A gestão da saúde na região continua a ser marcada por grande turbulência. Depois dos médicos, é a vez da enfermagem expressar o "grande descontentamento" face à reorganização "unilateral" dos serviços. O Sindicato dos Enfermeiros queixa-se de "decisões impostas sem ouvir os grupos profissionais" e lamenta que "a saúde na Região seja governada apenas pelo director clínico.".
O descontentamento da enfermagem já vem de longe. Muito antes dos médicos. Mas agudizou-se com os protagonistas que actualmente gerem a saúde, através da empresa SESARAM. Quem preside ao conselho de administração é Almada Cardoso, mas o presidente do Sindicato dos Enfermeiros critica o facto de, "na prática, haver uma gestão centralizada num homem só que é o director clínico." O enfermeiro-director, que também deveria governar a casa em matéria de enfermagem, não tem mão nas mudanças que são vistas como desfavoráveis à prestação de cuidados de saúde por parte dos enfermeiros.
O director clínico, Miguel Ferreira, não comenta "afirmações sindicais" e insiste na sua linha de gestão de "acabar com os desperdícios e esbanjamentos que saem caros à saúde." Já o enfermeiro-director, Luís Fragoeiro, sabe que a classe está em polvorosa mas preferiu não se pronunciar. Também os contactos telefónicos feitos ontem para Almada Cardoso não tiveram retorno.
Tudo centralizado no médico
A insatisfação que atravessa a enfermagem atinge a parte hospitalar e os centros de saúde. Segundo o dirigente sindical, Juan Carvalho, "o descontentamento é motivado pelo agravamento das condições de trabalho e por uma reforma dos serviços que não favorece uma melhor prestação de cuidados de saúde aos doentes." Os grandes problemas em saúde "devem mobilizar a participação de todos os agentes por forma a serem encontradas as soluções mais adequadas e exequíveis. Uma só cabeça a pensar implica a tomada de decisões que podem sair muito caro ao sistema." É que, "já os médicos e enfermeiros reclamam e não tarda a serem os utentes a expressarem o seu descontentamento.".
Por exemplo, nos centros de saúde, a reorganização dos serviços implica "a criação das chamadas equipas de saúde familiares, formadas por dois enfermeiros para um médico e um elemento administrativo." Dada a carência de quadros de enfermagem e a limitação de recursos materiais, nomeadamente transportes, Juan Carvalho considera "inviável e nada funcional esta medida." É uma "orientação que regride em 30 anos a prestação dos cuidados de saúde, para além de tudo estar centralizado na actuação médica.".
Em todas as áreas, hospitalar e cuidados primários de saúde, Juan Carvalho denuncia ainda "a falta crónica de material de uso corrente." Além disso, a carência de enfermeiros é cada vez mais notória, sem que o sistema recrute os que estão no desemprego. Também "os internamentos prolongados, decorrentes da estagnação da rede dos cuidados continuados de saúde não melhoraram o problema das altas problemáticas, introduzindo-se sim mais instabilidade nas diversas equipas".
Director clínico quer acabar com desperdícios
O director clínico nem comenta as críticas do presidente do Sindicato dos Enfermeiros. Além de salientar que está "em perfeita consonância" com o conselho de administração da SESARAM, esclarece que mantém uma linha de actuação que privilegia "uma melhor gestão dos recursos em saúde." Miguel Ferreira não quer ser mal interpretado e afirma que a gestão dos recursos não significa que a contenção de despesas vá pôr em perigo a segurança do utente. O objectivo "é cortar desperdícios ou esbanjamentos supérfluos que também custam caro aos utentes que pagam tudo isso com os seus impostos.".
Esta "cultura de gestão dos recursos mexe naturalmente com interesses instalados", admite. No entanto, também sublinha que "a filosofia de uma EPE-Entidade Pública Empresarial que é a SESARAM, a isso obriga." Assim sendo, explica o médico, "os responsáveis por cada serviço não só têm de primar a sua actuação pelo bom desempenho técnico mas também ter em conta a avaliação dos custos, por forma que o sistema possa reinvestir noutras áreas que são importantes para o doente." Por tudo isso, as críticas dos seus pares e até dos enfermeiros não o incomodam. Miguel Ferreira diz ser "natural em processos de mudança." O director acrescenta ainda que as orientações em matéria de gestão são também dadas por uma profissional de fora, Rita Carrageta, consultora do actual conselho de administração.
O descontentamento da enfermagem já vem de longe. Muito antes dos médicos. Mas agudizou-se com os protagonistas que actualmente gerem a saúde, através da empresa SESARAM. Quem preside ao conselho de administração é Almada Cardoso, mas o presidente do Sindicato dos Enfermeiros critica o facto de, "na prática, haver uma gestão centralizada num homem só que é o director clínico." O enfermeiro-director, que também deveria governar a casa em matéria de enfermagem, não tem mão nas mudanças que são vistas como desfavoráveis à prestação de cuidados de saúde por parte dos enfermeiros.
O director clínico, Miguel Ferreira, não comenta "afirmações sindicais" e insiste na sua linha de gestão de "acabar com os desperdícios e esbanjamentos que saem caros à saúde." Já o enfermeiro-director, Luís Fragoeiro, sabe que a classe está em polvorosa mas preferiu não se pronunciar. Também os contactos telefónicos feitos ontem para Almada Cardoso não tiveram retorno.
Tudo centralizado no médico
A insatisfação que atravessa a enfermagem atinge a parte hospitalar e os centros de saúde. Segundo o dirigente sindical, Juan Carvalho, "o descontentamento é motivado pelo agravamento das condições de trabalho e por uma reforma dos serviços que não favorece uma melhor prestação de cuidados de saúde aos doentes." Os grandes problemas em saúde "devem mobilizar a participação de todos os agentes por forma a serem encontradas as soluções mais adequadas e exequíveis. Uma só cabeça a pensar implica a tomada de decisões que podem sair muito caro ao sistema." É que, "já os médicos e enfermeiros reclamam e não tarda a serem os utentes a expressarem o seu descontentamento.".
Por exemplo, nos centros de saúde, a reorganização dos serviços implica "a criação das chamadas equipas de saúde familiares, formadas por dois enfermeiros para um médico e um elemento administrativo." Dada a carência de quadros de enfermagem e a limitação de recursos materiais, nomeadamente transportes, Juan Carvalho considera "inviável e nada funcional esta medida." É uma "orientação que regride em 30 anos a prestação dos cuidados de saúde, para além de tudo estar centralizado na actuação médica.".
Em todas as áreas, hospitalar e cuidados primários de saúde, Juan Carvalho denuncia ainda "a falta crónica de material de uso corrente." Além disso, a carência de enfermeiros é cada vez mais notória, sem que o sistema recrute os que estão no desemprego. Também "os internamentos prolongados, decorrentes da estagnação da rede dos cuidados continuados de saúde não melhoraram o problema das altas problemáticas, introduzindo-se sim mais instabilidade nas diversas equipas".
Director clínico quer acabar com desperdícios
O director clínico nem comenta as críticas do presidente do Sindicato dos Enfermeiros. Além de salientar que está "em perfeita consonância" com o conselho de administração da SESARAM, esclarece que mantém uma linha de actuação que privilegia "uma melhor gestão dos recursos em saúde." Miguel Ferreira não quer ser mal interpretado e afirma que a gestão dos recursos não significa que a contenção de despesas vá pôr em perigo a segurança do utente. O objectivo "é cortar desperdícios ou esbanjamentos supérfluos que também custam caro aos utentes que pagam tudo isso com os seus impostos.".
Esta "cultura de gestão dos recursos mexe naturalmente com interesses instalados", admite. No entanto, também sublinha que "a filosofia de uma EPE-Entidade Pública Empresarial que é a SESARAM, a isso obriga." Assim sendo, explica o médico, "os responsáveis por cada serviço não só têm de primar a sua actuação pelo bom desempenho técnico mas também ter em conta a avaliação dos custos, por forma que o sistema possa reinvestir noutras áreas que são importantes para o doente." Por tudo isso, as críticas dos seus pares e até dos enfermeiros não o incomodam. Miguel Ferreira diz ser "natural em processos de mudança." O director acrescenta ainda que as orientações em matéria de gestão são também dadas por uma profissional de fora, Rita Carrageta, consultora do actual conselho de administração.
Fonte: DN
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