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segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

HISTÓRIA DE SUCESSO: OFICINA DO COURO


Em maio de 2016, Fátima e Mara Mendonça, mãe e filha, abriram juntas a loja Oficina do Couro, na rua das Pretas - Funchal, especializada na restauração e transformação de produtos de pele e materiais similares. Na Oficina do Couro dá-se uma nova vida àqueles bens de qualidade ou valor sentimental que já não apreciamos ou se deterioraram com o tempo e uso. Sapatos, malas e casacos rejuvenescem, ganham novas cores, novo brilho, transformam-se radicalmente. 
Nesta oficina as duas artesãs fazem também peças em couro por encomenda, sempre ao gosto do cliente particular ou empresarial, desde os porta-chaves, malas, porta garrafas, capas de menus às peças de mobiliário, gravando-as com carimbos de relevo.
Como explica a promotora Fátima Mendonça: “Quem não tem alguma peça como um sapato, uma mala, que gostaria que voltasse a ficar como novo, ou que tivesse uma cor ou um pormenor diferente? Um casaco ou saia de pele ou napa que ficaram apertados? Tantas vezes é simplesmente impossível encontrar o que pretendemos, quando já possuímos algo que pode ser transformado, recuperado... A quem já não aconteceu comprar algo que passado algum tempo já não lhe agrada? Com um pequeno investimento é possível recuperar uma peça que nos agrada ou transformá-la, torná-la mais moderno e “na moda”."


Como surgiu a ideia de abrir a Oficina do Couro?

Fátima: Eu e o meu marido trabalhamos e fomos sócios gerentes de uma empresa de fabrico de produtos em couro. Infelizmente tivemos de fechar pois a globalização diminui muito a procura por parte das empresas nossas clientes. Fiquei desempregada por quase 10 anos. Foi muito, muito complicado. Ao longo dos anos fui fazendo formações diversas até que surgiu uma oportunidade de fazer um programa ocupacional como administrativa, a minha área de formação. Fazer o programa de 9 meses foi muito importante para mim. Nessa altura percebi que teria de fazer tudo o que fosse possível para mudar a minha situação e não voltar para o desemprego no fim do programa. Percebi também que eu tinha uma arte que me valorizava face às outras pessoas, que o meu futuro teria de passar novamente pelo trabalho no couro, embora de outra forma. A crise, que diminuiu os orçamentos familiares, e o facto de a moda estar a mudar cada vez mais depressa fizeram-me concluir que a transformação e recuperação de peças para particulares poderia ser a aposta certa para recuperar também a minha profissão. O apoio dos meus colegas no programa e a participação em duas conferências motivacionais que o IEM apoiou deram-me o ânimo de que eu necessitava para criar o meu próprio emprego e melhorar a minha vida. 
Mara: Após o 12º ano fiz uma formação em mediação de seguros, que incluiu matéria sobre empreendedorismo. Enquanto ouvia só pensava que não existia motivo nenhum que me impedisse de retomar o negócio que já fora dos meus pais e para o qual eu sempre tive um jeito especial. Poder contar com a minha mãe era uma oportunidade a não perder. 
Apesar de estarmos decididas, adiamos este projeto quando surgiu a possibilidade de fazer um estágio profissional apoiado pelo IEM na área dos seguros, de modo a que eu pudesse ganhar alguma experiência profissional na área administrativa e perceber se deveria ou não apostar nesta carreira. Nós somos as primeiras a saber que cada coisa leva o seu tempo para que tudo corra bem.

Não é comum uma jovem com menos de 25 anos dedicar o seu futuro profissional ao artesanato. Mara, neste momento está segura da sua opção?

Mara: Sem dúvida, estou satisfeita com esta aposta e acredito que será futuro profissional. O gosto pelo trabalho com couro já faz parte de mim. Sinto um prazer enorme nas tarefas de criar, recuperar e transformar peças e sinto que é o que me distingue dos outros profissionais. Num escritório eu seria apenas mais uma pessoa.

Como tem corrido o projeto desde que abriram portas em maio deste ano, e quais são as vossas perspectivas de futuro?

Mara: Podemos dizer que tem corrido bem, dentro do que seria de esperar para os primeiros meses de atividade. Ainda estamos a aprender em várias áreas e às vezes não obtemos o ganho previsto e demoramos mais do que desejaríamos. Felizmente podemos dizer que temos bastante trabalho. Fátima: A nossa maior dificuldade neste momento é dar resposta aos pedidos, sobretudo porque os nossos processos de fabrico ou recuperação precisam de tempo. É frequente termos de fazer várias intervenções numa peça para obtermos um bom resultado final. Não basta apenas aplicar uma camada de tinta, por exemplo. Fazemos tudo manualmente, e temos de orçamentar, coordenar com outros materiais e outros profissionais, como o sapateiro para substituição de capas... Tudo consome muito tempo.
Gostaríamos de contratar mais uma pessoa mas estamos muito limitadas uma vez que essa pessoa teria de ser saber trabalhar com couro. Não pode ser apenas um vendedor de loja. Quanto ao futuro… Neste momento, o volume de arranjos que temos não nos permite apostar na angariação de clientes empresariais ou na aposta no setor turístico. Sabemos que há mercado para o nosso trabalho, mas não conseguimos fazer tudo de uma só vez...

Qual é o principal fator para o vosso sucesso? 

Fátima: Diria que se resume a sermos verdadeiramente artesãs, ou seja, investimos muito na qualidade do nosso trabalho e permitimos ao nosso cliente a personalização total do produto. Fazemos tudo manualmente, ao gosto de quem nos procura. 
Mara: Quanto à qualidade, procuramos garantir que quem recebe o nosso produto ficará satisfeito, agora e com o passar do tempo, pois as peças em que trabalhamos são duradouras. No trabalho com couro não podemos cometer um único erro, fica tudo à vista. O nosso cliente valoriza a qualidade em geral e em particular o produto que nos traz. A personalização das peças é fundamental, não só para responder ao gosto pessoal do cliente, mas também porque o mercado não dá uma resposta adequada a todas as pessoas. Por exemplo, no caso dos sapatos, ter um pé, perna ou tornozelo mais largo ou mais estreito, pode reduzir bastante as opções de compra. Facilmente conseguimos uma solução para os mais diversos casos. Por outro lado, o cliente empresarial precisa de produtos personalizados para a sua atividade, como as capas de menus nos restaurantes, ou para oferta aos clientes, como chaveiros ou bases de copos. O apoio do IEM foi importante para iniciarem este projeto? Fátima: Sim, foi fundamental. Necessitávamos de fazer vários investimentos que de outro modo não teriam sido possíveis. Foi mais uma oportunidade única.

Deixam algum conselho aos desempregados que tenham uma ideia de negócio? 

Mara: Que avancem com um projeto numa área em que sejam bons, em que façam a diferença face aos outros. Todos temos um dom, algo que sabemos fazer bem e que nos dá prazer. 
Fátima: Procurem o apoio do IEM e não deem ouvidos a toda a gente, que as dúvidas destroem a nossa iniciativa. Pelo contrário, espero que possam benefi- ciar de conferências motivacionais, como eu, ou de contactar com pessoas que vos possam motivar e partilhar experiências. Precisamos de ganhar confiança para avançar.



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