facebookrss feedemail Onde estamos Youtube

Conheça a rede de Polos de Emprego clicando AQUI

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

ANGOLA É AGORA A TERRA DAS OPORTUNIDADES ATÉ PARA OS ARQUITECTOS


As encomendas para obras públicas acabaram, o sector imobiliário estagnou e até os promotores de investimentos turísticos recuaram para ver onde pára a crise. A recessão chegou em grande aos gabinetes de arquitectura da Região, os mais velhos aguentam-se a custo com o pouco trabalho e admitem tentar a sorte em Angola, onde a construção cresce a 20% ao ano. Rui Matos, co-autor do projecto do novo Tribunal de São Vicente, é dos que admitem procurar oportunidades noutros mercados. Angola é apetecível, há um 'boom' de construção, há dinheiro e no terreno estão já várias empresas portuguesas e muitos arquitectos. A ideia é encontrar parceiros, mas nem isso é fácil.

"Com esse crescimento, é natural que Angola seja atraente", explica Luís Vilhena, antigo presidente da delegação da Ordem e outro dos arquitectos que não enjeitam a possibilidade de tentar outros países. "Aqui, parece claro que acabou este ciclo de ouro, de obras públicas e das sociedades de desenvolvimento".

Trabalho ainda há, é pouco e só alguns promotores arriscam em tempo de crise. São esses que mantêm o gabinete de Paulo David, o arquitecto da 'Casa das Mudas'. "Nós temos um atelier pequeno, feito à dimensão do mercado". E, ao contrário dos que estão disponíveis para se aventurar no estrangeiro, em Angola e no Dubai, David é peremptório: "Detestaria trabalhar em Angola ou no Dubai, não é essa a minha ideia de arquitectura".

A Madeira, segundo os dados avançados por Elias Homem de Gouveia, tem 240 arquitectos inscritos na Ordem, o que dá um rácio de um por cada mil habitantes. "O mercado é pequeno e nós já somos muitos. Não há um desemprego alarmante, mas cada vez é mais difícil encontrar vaga num atelier e há pouco trabalho. Na Função Pública, os quadros das Câmaras e do Governo estão cheios".

A prática comprova o que diz o presidente da delegação da Ordem na Madeira. E Elias Homem de Gouveia sublinha que não é apenas para quem acabou o curso. "Ainda outro dia recusei um arquitecto venezuelano que já tinha experiência". Não é o único a não ter nada para oferecer aos novos arquitectos, a quem se ofereça para trabalhar no atelier. Paulo David também reconhece que recebe, em média, três a quatro currículos por semana. "São madeirenses, do continente, espanhóis, italianos e alemães, com ou sem experiência".

A crise não explica tudo. O estágio tornou-se obrigatório para ingressar na Ordem e, hoje em dia, é frequente procurar outras cidades para trabalhar. É óbvio, no entanto, que a crise afectou o sector. "Primeiro foram as empresas a deslocar-se para Angola e a Polónia, foram depois os trabalhadores e agora somos nós", explica Rui Matos, arquitecto há quase 30 anos. Com pouco trabalho, tudo conta. Os projectos que são entregues a técnicos de arquitectura, a pouca atenção prestada à qualidade dos projectos e a grande quantidade de arquitectos formados, que serão em breve à volta de 22 mil contra os cinco mil da Suécia.

"Portugal é um país estranho e bizarro. Temos um grande rácio de arquitectos, temos nome internacional e, no entanto, ninguém nos visita para um roteiro de arquitectura como se faz em Barcelona, Amesterdão ou Roterdão. Antes pelo contrário, temos muitos arquitectos e muita desordem no território, pouca arquitectura de qualidade", lamenta Paulo David.
Fonte: DN

0 comentários:

Enviar um comentário

Follow us
Follow us
Follow us