O projecto está lançado e vai revolucionar o ensino da Medicina em Portugal. Mariano Gago, o ministro da Ciência e Tecnologia, apresentou a ideia da Escola Internacional de Medicina da Madeira na abertura oficial do ano lectivo académico, que decorreu ontem na reitoria da Universidade da Madeira.
A ideia, que conta já com o apoio do Governo Regional, é criar na Madeira uma escola internacional assente em parcerias com instituições médicas de referência, tanto para aulas, como para estágios. Mariano Gago admite que o projecto irá revolucionar a forma como se ensina Medicina em Portugal.
Prazos e datas para a abertura desta escola não existem, sabe-se apenas que a aposta integra o programa de desenvolvimento da UMa para os próximos quatro anos. E é, segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, uma proposta inovadora, uma consequência do Contrato de Confiança estabelecido em Janeiro entre o Governo e as universidades públicas portuguesas.
Um ponto de viragem
Esse compromisso - que resultou na assinatura dos programas de desenvolvimento das universidades públicas - pretende romper com o conservadorismo e estabelecer ligações ao mercado de trabalho. Não só garantir o acesso a um maior número de jovens, mas alargar a formação aos adultos e apostar na formação tecnológica.
A entrada de mais 20 mil alunos este ano são já um sinal de que as universidades estão a cumprir parte do que acordaram. Mariano Gago acredita que estes números irão continuar a subir nos próximos anos. O alargamento da escolaridade obrigatória ao 12º ano vai colocar muito mais jovens em condições de ingressar no ensino superior.
A próxima década será de viragem no ensino superior e os presentes na cerimónia de ontem no claustro da reitoria da Universidade da Madeira foram claros ao afirmar que o momento era histórico, de viragem e mudança. António Rendas, o presidente do conselho de reitores, disse mesmo que, se for bem sucedida, esta reforma irá projectar e prestigiar as universidades públicas portuguesas na Europa e no Mundo.
As universidades têm agora quatro anos para implementar as mudanças que acordaram entre si e com o Ministério da Ciência e Tecnologia. O que, no caso da Universidade da Madeira, a anfitriã da abertura do ano lectivo académico, passa pela formação de mais 1000 diplomados e a aposta em quatro áreas prioritárias: nanotecnologia, energia, medicina e tecnologias de informação.
A internacionalização
Castanheira de Costa, o reitor da UMa e anfitrião da cerimónia, abriu os discursos a lembrar que a Universidade da Madeira é a mais jovem e mais pequena do País, mas insistiu no esforço feito na internacionalização, na abertura ao exterior como modo de compensar a insularidade e os seus constrangimentos.
Como caso de sucesso desse esforço de internacionalização, o reitor apresentou a parceria com a universidade americana Carnegie Mellon, mas deixou claro que, apesar da dimensão da universidade, não quer ficar por aqui. A UMa pretende desenvolver outras cooperações que permitam oferecer outros graus de mestrado conjuntos, em áreas atractivas e que possam ter o mesmo sucesso.
O mestrado conjunto com a Carnegie Mellon foi, de facto, apresentado ao ministro, ao primeiro ministro e aos reitores como o caso de sucesso por Nuno Nunes, o responsável pela parceria. O professor deu exemplos de psicólogos que estavam no Centro de Emprego e que viram a carreira mudar por integrar as equipas destes mestrados.
Os atrasos nas bolsas
Enquanto os reitores e o ministro falaram de viragem e de um novo modelo de universidade, a intervenção do presidente da Associação Académica da Universidade da Madeira foi mais reivindicativa e incidiu sobre a reforma no apoio social aos estudantes do ensino superior. Preocupado em garantir as mesmas oportunidades a pobres e ricos, Eduardo Nicolau lembrou os atrasos nas bolsas de estudo ocorridos no ano lectivo passado.
Se estudar compensa e permite, de acordo com os estudos, encontrar emprego mais facilmente, então os estudantes não podem ser excluídos por questões económicas.
"Progenitor não deve abandonar a cria"
"O progenitor não deve abandonar a cria". Alberto João Jardim terminou assim o discurso no ano académico. A frase foi para o primeiro ministro e, segundo o presidente do Governo, era uma provocação. Em causa, na intervenção perante os reitores e o Governo da República, estavam os mecanismos das ilhas para a internacionalização e para compensar as dificuldades da insularidade.
O presidente do Governo louvou os esforços da Universidade da Madeira nesse sentido, esse empenho em trazer o Mundo à ilha, mas lembrou, quase de leve, que a universidade não é o único mecanismo disponível. Há outros como a Zona Franca, cujo futuro está em discussão e em risco.
O presidente do Governo não falou do futuro incerto da Zona Franca, até porque ontem, com o ministro da Ciência a falar de uma Escola Internacional de Medicina na Madeira e o primeiro ministro a abrir oficialmente o ano universitário na Região, não era o momento. Ontem foi para agradecer o incentivo à Universidade da Madeira por ter sido escolhida como anfitriã da cerimónia.
Alberto João Jardim referiu-se também a autonomia, à necessidade de a ter para garantir um melhor desenvolvimento, mas o assunto foi tratado sem confronto. De facto, ontem, naquele ambiente em que se falou muito de mudança, de abertura das universidades à sociedade e ao mercado de trabalho, o presidente do Governo fez um intervalo às críticas ao Estado da Nação e permitiu-se ter esperança em Portugal, admitiu que tinha fé, que ali estava um indício de melhores tempos para Portugal.
No fim, depois de falar da necessidade de trazer o Mundo às ilhas, Jardim decidiu encerrar a intervenção no claustro da reitoria da Universidade da Madeira com uma provocação. Assim como acontece na Natureza, "o progenitor não deve abandonar a sua cria".
Objectivo - Governo quer mais 60 mil diplomados até 2020
José Sócrates quer estender o ensino superior a mais 60 mil portugueses nos próximos 10 anos. A meta foi anunciada ontem, na abertura oficial do ano académico na Universidade da Madeira. O primeiro-ministro acredita no desafio e garante que, em 2020, Portugal terá 40% de licenciados na faixa entre os 30 e os 34 anos. Se se conseguir este objectivo, o País terá recuperado o tempo perdido em termos de formação.
A tendência, referiu num discurso optimista, é já essa. Neste momento, de acordo com as contas do primeiro ministro, 36% dos jovens com 20 anos frequenta o ensino superior e os estudos indicam que a taxa de sucesso nas universidades portuguesas é de 70%. E é por isso que, para atingir o objectivo de 2020, é necessário que mais 60 mil portugueses se licenciem.
Para o Governo, o futuro de Portugal joga-se nesta meta, esta é a pedra angular para o desenvolvimento e sucesso do País. Segundo os números apresentados pelo primeiro ministro, a evolução é rápida, até na quantidade de doutoramentos que se fazem por ano nas universidades portugueses: 1.500, o mesmo número de doutores em toda a década de 80.
Este ano entraram mais 20 mil alunos no ensino superior com base no Contrato de Confiança entre o Ministério da Ciência e as universidades. Um acordo que fez aumentar a oferta de cursos sem que, com isso, se mexesse nos apoios financeiros estabelecidos em 2006 para as universidades públicas. Uma nota que José Sócrates fez questão de sublinhar. Ou seja, mais pelo mesmo dinheiro.
Os indicadores e o empenho das universidades - a começar pela Universidade da Madeira - dão motivos para ter esperança e acreditar que Portugal caminha depressa para recuperar o tempo perdido em termos de educação e formação superior. José Sócrates quer deixar esse legado, o de ter recuperado o tempo perdido e de entregar o futuro às novas gerações sem essa preocupação: a de recuperar e compensar os atrasos estruturais em termos de Educação.
Fonte: DN
A ideia, que conta já com o apoio do Governo Regional, é criar na Madeira uma escola internacional assente em parcerias com instituições médicas de referência, tanto para aulas, como para estágios. Mariano Gago admite que o projecto irá revolucionar a forma como se ensina Medicina em Portugal.
Prazos e datas para a abertura desta escola não existem, sabe-se apenas que a aposta integra o programa de desenvolvimento da UMa para os próximos quatro anos. E é, segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, uma proposta inovadora, uma consequência do Contrato de Confiança estabelecido em Janeiro entre o Governo e as universidades públicas portuguesas.
Um ponto de viragem
Esse compromisso - que resultou na assinatura dos programas de desenvolvimento das universidades públicas - pretende romper com o conservadorismo e estabelecer ligações ao mercado de trabalho. Não só garantir o acesso a um maior número de jovens, mas alargar a formação aos adultos e apostar na formação tecnológica.
A entrada de mais 20 mil alunos este ano são já um sinal de que as universidades estão a cumprir parte do que acordaram. Mariano Gago acredita que estes números irão continuar a subir nos próximos anos. O alargamento da escolaridade obrigatória ao 12º ano vai colocar muito mais jovens em condições de ingressar no ensino superior.
A próxima década será de viragem no ensino superior e os presentes na cerimónia de ontem no claustro da reitoria da Universidade da Madeira foram claros ao afirmar que o momento era histórico, de viragem e mudança. António Rendas, o presidente do conselho de reitores, disse mesmo que, se for bem sucedida, esta reforma irá projectar e prestigiar as universidades públicas portuguesas na Europa e no Mundo.
As universidades têm agora quatro anos para implementar as mudanças que acordaram entre si e com o Ministério da Ciência e Tecnologia. O que, no caso da Universidade da Madeira, a anfitriã da abertura do ano lectivo académico, passa pela formação de mais 1000 diplomados e a aposta em quatro áreas prioritárias: nanotecnologia, energia, medicina e tecnologias de informação.
A internacionalização
Castanheira de Costa, o reitor da UMa e anfitrião da cerimónia, abriu os discursos a lembrar que a Universidade da Madeira é a mais jovem e mais pequena do País, mas insistiu no esforço feito na internacionalização, na abertura ao exterior como modo de compensar a insularidade e os seus constrangimentos.
Como caso de sucesso desse esforço de internacionalização, o reitor apresentou a parceria com a universidade americana Carnegie Mellon, mas deixou claro que, apesar da dimensão da universidade, não quer ficar por aqui. A UMa pretende desenvolver outras cooperações que permitam oferecer outros graus de mestrado conjuntos, em áreas atractivas e que possam ter o mesmo sucesso.
O mestrado conjunto com a Carnegie Mellon foi, de facto, apresentado ao ministro, ao primeiro ministro e aos reitores como o caso de sucesso por Nuno Nunes, o responsável pela parceria. O professor deu exemplos de psicólogos que estavam no Centro de Emprego e que viram a carreira mudar por integrar as equipas destes mestrados.
Os atrasos nas bolsas
Enquanto os reitores e o ministro falaram de viragem e de um novo modelo de universidade, a intervenção do presidente da Associação Académica da Universidade da Madeira foi mais reivindicativa e incidiu sobre a reforma no apoio social aos estudantes do ensino superior. Preocupado em garantir as mesmas oportunidades a pobres e ricos, Eduardo Nicolau lembrou os atrasos nas bolsas de estudo ocorridos no ano lectivo passado.
Se estudar compensa e permite, de acordo com os estudos, encontrar emprego mais facilmente, então os estudantes não podem ser excluídos por questões económicas.
"Progenitor não deve abandonar a cria"
"O progenitor não deve abandonar a cria". Alberto João Jardim terminou assim o discurso no ano académico. A frase foi para o primeiro ministro e, segundo o presidente do Governo, era uma provocação. Em causa, na intervenção perante os reitores e o Governo da República, estavam os mecanismos das ilhas para a internacionalização e para compensar as dificuldades da insularidade.
O presidente do Governo louvou os esforços da Universidade da Madeira nesse sentido, esse empenho em trazer o Mundo à ilha, mas lembrou, quase de leve, que a universidade não é o único mecanismo disponível. Há outros como a Zona Franca, cujo futuro está em discussão e em risco.
O presidente do Governo não falou do futuro incerto da Zona Franca, até porque ontem, com o ministro da Ciência a falar de uma Escola Internacional de Medicina na Madeira e o primeiro ministro a abrir oficialmente o ano universitário na Região, não era o momento. Ontem foi para agradecer o incentivo à Universidade da Madeira por ter sido escolhida como anfitriã da cerimónia.
Alberto João Jardim referiu-se também a autonomia, à necessidade de a ter para garantir um melhor desenvolvimento, mas o assunto foi tratado sem confronto. De facto, ontem, naquele ambiente em que se falou muito de mudança, de abertura das universidades à sociedade e ao mercado de trabalho, o presidente do Governo fez um intervalo às críticas ao Estado da Nação e permitiu-se ter esperança em Portugal, admitiu que tinha fé, que ali estava um indício de melhores tempos para Portugal.
No fim, depois de falar da necessidade de trazer o Mundo às ilhas, Jardim decidiu encerrar a intervenção no claustro da reitoria da Universidade da Madeira com uma provocação. Assim como acontece na Natureza, "o progenitor não deve abandonar a sua cria".
Objectivo - Governo quer mais 60 mil diplomados até 2020
José Sócrates quer estender o ensino superior a mais 60 mil portugueses nos próximos 10 anos. A meta foi anunciada ontem, na abertura oficial do ano académico na Universidade da Madeira. O primeiro-ministro acredita no desafio e garante que, em 2020, Portugal terá 40% de licenciados na faixa entre os 30 e os 34 anos. Se se conseguir este objectivo, o País terá recuperado o tempo perdido em termos de formação.
A tendência, referiu num discurso optimista, é já essa. Neste momento, de acordo com as contas do primeiro ministro, 36% dos jovens com 20 anos frequenta o ensino superior e os estudos indicam que a taxa de sucesso nas universidades portuguesas é de 70%. E é por isso que, para atingir o objectivo de 2020, é necessário que mais 60 mil portugueses se licenciem.
Para o Governo, o futuro de Portugal joga-se nesta meta, esta é a pedra angular para o desenvolvimento e sucesso do País. Segundo os números apresentados pelo primeiro ministro, a evolução é rápida, até na quantidade de doutoramentos que se fazem por ano nas universidades portugueses: 1.500, o mesmo número de doutores em toda a década de 80.
Este ano entraram mais 20 mil alunos no ensino superior com base no Contrato de Confiança entre o Ministério da Ciência e as universidades. Um acordo que fez aumentar a oferta de cursos sem que, com isso, se mexesse nos apoios financeiros estabelecidos em 2006 para as universidades públicas. Uma nota que José Sócrates fez questão de sublinhar. Ou seja, mais pelo mesmo dinheiro.
Os indicadores e o empenho das universidades - a começar pela Universidade da Madeira - dão motivos para ter esperança e acreditar que Portugal caminha depressa para recuperar o tempo perdido em termos de educação e formação superior. José Sócrates quer deixar esse legado, o de ter recuperado o tempo perdido e de entregar o futuro às novas gerações sem essa preocupação: a de recuperar e compensar os atrasos estruturais em termos de Educação.
Fonte: DN
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